LÍGIA GUERRA

Por que carrego doçura na alma e asas nos pés?
Porque sinto a vida além do óbvio.
Porque enxergo sol em dias de chuva.
Porque amo até mesmo o desamor.
Porque acolho cada gesto com os braços do coração.
Porque perfumo o caminho das estrelas.
Porque componho alegria na poesia da tristeza.
Porque desejo colorir a vida com olhos de fé!

* Lígia Guerra*

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

CASE POR INTERESSE! DEPOIS, DEIXE O AMOR BROTAR.


Ainda crianças aprendemos muito sobre a importância do amor em nossas relações. Em contrapartida aprendemos sobre o quanto é feio nos aproximarmos das pessoas por interesse. Óbvio que a barganha é medíocre. Mas quando o interesse pelo outro é genuíno, ele conecta. Seduz. Encanta. 

Um bom exemplo da importância do interesse construtivo, são os bebês. Muito antes de tomarem consciência sobre as próprias vidas, eles são despertados pelos seus interesses acerca do mundo, da nova vida que desabrocha em cada detalhe. Aromas, cores, formas, sons, tudo é um despertar. 

Primeiro, por necessidade, aprendem a chorar para ganhar comida. Depois, pela conquista da independência, aprendem a dar os primeiros passos. Mas por interesse autêntico em relação àqueles que os rodeiam, aprendem a despertar sorrisos. Fazem gracinhas. Intuitivamente transformam olhares em falas e silêncios em emoções. Cativam. Motivados pela inocência da alegria, interessam-se pelo bem estar do carinho mútuo. Você me cuida… Eu te faço sorrir! Aos poucos o interesse abre os braços para o amor. 

Na medida em que crescemos, infelizmente abandonamos os nossos interesses e criamos expectativas. Pior, confundimos essas duas emoções. Assim, destituímos a beleza do interesse pelo outro, pela feiúra da troca exigida. Nas relações a dois essa realidade é bastante comum. Na grande maioria dos casos, quando o casamento entra pela porta da frente, o interesse é despejado pelo portão dos fundos. 

Ele adorava jogar tênis. Ela amava fazer aulas de sapateado. Ambos admiravam os interesses mútuos. Era tão lindo isso! Mas o interesse de ontem foi trocado pelo controle de hoje. Acreditaram que despersonalizacão é amor. Ela quer que ele abra mão do seu esporte preferido. Ele desmerece a paixão dela pela dança. Não perceberam que quando um casal mata os interesses individuais do outro, também asfixia o interesse primordial pela relação. Justamente aquele que os aproximou. 

Transformaram-se em uma micro empresa, uma equipe, em qualquer coisa, menos em um enredo de felicidade e bem querer. Até que um dia, enquanto cuidavam do jardim da casa, brotou uma conversa ácida e cresceu uma discussão acalorada. A censura afrouxou, desnudaram-se da interpretação do casal feliz a qualquer custo. Ressentidos cobraram um do outro a verdadeira história que os uniu. Relembraram, tal qual o bebê, a época em que faziam gracinhas entre eles. Em que se importavam com a alegria dos sorrisos ‘roubados’. 

Ele relembrou do quanto gostava da época em que ela dançava no meio da sala de estar, sem motivo algum. Faceira. Descalça. Descabelada. Linda! Ela relembou do quanto ele queria impressioná-la sempre que ela assistia as suas partidas de tênis com os amigos. Exibido. Desajustado. Descabelado. Lindo! 

Onde foi que se perderam? Em que momento transformaram a casa em uma cela e o casamento em um cativeiro? Depois de arremessarem palavras duras e amargas de descontentamento, abriram espaço para o eco do outro. Calaram. Emudeceram a confusão emocional. Silenciaram as inquietudes. Abandonaram as preocupações com a vida mundana. Apenas por um segundo voltaram a se olhar sem expectativas. Precisavam apenas daquela fração de vida para se redescobrir. Enxergar. Ouvir. Compreender. Sorrir. Reconectar. Interessar!!! 

Então, ali mesmo, no quintal de casa, tomaram as estrelas que surgiam no horizonte como testemunhas e prometeram um para o outro: “Nunca mais deixarei de te enxergar com interesse, de olhar com cumplicidade para os teus sonhos. E nunca mais abandonarei a mim mesmo. Sei que você precisa de mim por inteiro.” Naquele dia, de forma totalmente despretensiosa, casaram de verdade! Amaram-se.


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