LÍGIA GUERRA

Por que carrego doçura na alma e asas nos pés?
Porque sinto a vida além do óbvio.
Porque enxergo sol em dias de chuva.
Porque amo até mesmo o desamor.
Porque acolho cada gesto com os braços do coração.
Porque perfumo o caminho das estrelas.
Porque componho alegria na poesia da tristeza.
Porque desejo colorir a vida com olhos de fé!

* Lígia Guerra*

quinta-feira, 11 de junho de 2015

SOBRE O AMOR QUE PARTIU...


“Seja uma pessoa boa, mas não perca tempo provando isso.” 

Na linguagem do amor essa citação faz todo o sentido. Quem tenta provar que é merecedor de afeto, raramente consegue ser amado. Parece óbvio, mas não é! 

O nosso desejo de amar , de ser amado, de viver um romance arrebatador, muitas vezes bloqueia a visão de quem somos e, principalmente, sobre quem o outro é. 

A verdade é que os nossos afetos nunca chegam sozinhos. Eles costumam vir acompanhados dos seus agregados, quando não são os filhos de outros relacionamentos, o cachorro ou a nova planta da sala, são as carências, os sonhos e as idealizações. Por vezes todos juntos. Os filhos a gente ama, o cachorro a gente acolhe, a planta a gente rega, mas as projeções nem sempre são fáceis de administrar. No começo tudo é lindo! Ela tinha os olhos cor de mar que ele sempre gostou. Ele tinha o abraço protetor que ela nunca encontrou. 

Foram feitos um para o outro, pensava ele. 
Pertenciam-se, acreditava ela. 

Mas na dança da vida nem sempre estamos cadenciando os mesmos passos e ouvindo os mesmos ritmos. Essa descoberta revela então… Um deles não amava na mesma medida. Não era tão legal quanto parecia. E não se importava tanto quanto se imaginava. 

Assim, uma nova realidade surge. Brota no calendário um novo marco da relação, o dia do abandono. Ele não será celebrado, tampouco lembrado com carinho, mas selará uma nova etapa da vida. A casa passou a acolher apenas um deles. A outra xícara não terá mais a marca do batom dela. O travesseiro não afagará mais a barba dele. Um dos molhos da chave da casa não fará mais companhia para um deles. 

As conversas foram trocadas pelos ruídos de um coração apertado. A dor do abandono é descoberta. Uma angústia que não pode ser explicada. É composta de um vazio que amarela o riso, avermelha os olhos e acizenta a alma. Dói de um jeito que parece eterno. Dói de um jeito que não quer conversa com mais ninguém. Dói! O tempo passa e a dor está lá. Ocupando os cômodos da casa para a qual não se quer voltar. Até que um dia a dor começa a se despedir. Ficará, por um algum tempo, apenas o vazio. 

Mas apesar da dor, aprendemos a importância do vazio. Sem ele não podemos dar lugar a novos sentimentos. Não podemos acolher a nós mesmos, ao que sobrou e ao que renasceu depois da tempestade. Se formos alunos inteligentes emocionalmente, teremos aprendido com a dor, sobre a importância do amor próprio. Não ficaremos buscando um amor novo e perfeito. Compreenderemos que boas pessoas, em primeiro lugar, precisam ser ótimas para si mesmas, e que o perfume da autoconfiança é a melhor fragrância de todas. 

E caso surja um novo amor, ele poderá ser de fato novo! O ciclo não se repetirá com a ‘mesma pessoa’ em um outro rosto. Será de fato uma nova pessoa em um novo rosto. Acima de tudo escolheremos uma pessoa que saiba amar e ser amada. Uma pessoa que não roubará nossas cores, mas que compartilhará conosco os seus melhores matizes. 

- Lígia Guerra -   

Escritora. Poetisa e Cronista. Autora do livro “Mulheres às Av3ssas”. 
Uma mulher em constante (r)evolução. 
Escritora por paixão! 

www.ligiaguerra.com.br


Um comentário:

Bell disse...

Amei to levando comigo, pra postar no blog.

bjokas =)