Não. O romance não está e nunca estará fora de moda. Ele é um sentimento eterno. Feito uma veste da alma que possui o melhor caimento. Transcende o tempo, provoca as horas e flerta com o descompasso do coração. O romance é feito as Quatro Estações de Vivaldi que sempre acariciam os ouvidos mais aguçados ou um belo Renoir que nos faz sonhar.
Romance precisa do apuro e do apelo dos olhos despertos que enxergam nos detalhes da vida, a poesia.
Se William Blake defendia que “a árvore que o sábio vê não é a mesma que o tolo vê”, ouso ir além... Poucos são os que realmente enxergam. O vício da ingratidão humana deixou o mundo no escuro. Poucos têm luz própria para transcender a cegueira coletiva.
Olhos secos enxergam o óbvio. Olhos líquidos de amor enxergam as entrelinhas. Brincam com o improvável. Encantam-se com a quimera do que não foi dito ou escrito, mas do que foi sentido. Quem não sabe se perder, jamais poderá se encontrar.
Romance é feito poesia, se você tiver que explicar é porque não foi entendido.
Você conhece a música ‘Cupido’ interpretada pela cantora Maria Rita?
“Eu vi quando você me viu
Seus olhos pousaram nos meus
Num arrepio sutil
Eu vi... pois é, eu reparei
Eu vi... pois é, eu reparei
Você me tirou pra dançar
Sem nunca sair do lugar
Sem botar os pés no chão
Sem música pra acompanhar...
Foi só por um segundo
Todo o tempo do mundo
E o mundo todo se perdeu...”
Esse tipo de melodia exige a insensatez do romance, não é composta para almas cegas ou desatentas. Romance exige olhos despertos. Olhos doces. Olhos que chamam a vida e que ouvem o seu chamado. Olhos que enxergam e descobrem. Olhos que desnudam. Olhos que cantam. Olhos que fazem sonhar...
Plagiando Maria Rita: Eu vi!
E você? Você viu o romance por aí?
- Lígia Guerra -
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