Faz tempo que não escrevo, não? Ando usando as palavras dos outros pra expressar o que sinto. Minto. Nem isso tenho feito. Tenho usado palavras que recolho no vento e devolvo no mar. E o mar leva as palavras tal qual folha caída de árvore que fica às margens do riacho. Deve ser isso. Devo estar à margem. Não mergulho, não volto, não me atrevo a sair do lugar. Fico ali com os pés encharcados e afundados na lama escura. O sol insiste em perfurar as folhas que permanecem na copa das arvores. Olhar pra cima é ver um céu estrelado em pleno dia. O escuro das folhas resistentes, os vãos que libertam raios solares.
Não ando triste, não. Ando ocupada. Ocupada em me manter distante. Mas é inevitável, porque sempre vem, sempre chega, sempre envolve, sempre domina. Solidão. Solidão não é tristeza. Solidão tem mais a ver com pensamento, reflexão. Ou castigo. No fundo, a gente sempre se castiga. Obrigamo-nos a ver filmes chatos, a ler livros chatos até o fim, a ver a novela que não desenrola, a viver essa história que não tem futuro, a criar esperança onde está muito claro que chegou o fim. E dói. E por que não iria doer, se a dor faz parte do castigo?
Eu escrevo pra me livrar da dor, já predisse Rubem Alves in “Ostra feliz não faz pérola”. E parafraseando Martha Medeiros (Divã), eu escrevo não pensando em ser uma celebridade. Eu escrevo pra dar forma ao que em mim fica solto e não se enquadra. Já eu, escrevo porque não agüento calar tudo em mim. O mundo é grande demais pra calar dentro de mim.
Hoje resolvi rascunhar qualquer coisa pra evitar o que eu realmente queria falar. Distraio os dedos, foco o pensamento e fecho os olhos. Finjo mergulhar. Finjo correr desviando das árvores. Abro os braços, e quase posso sentir o vento, o frio da água. Quase. Mas permaneço parada, os pés afundados na lama igual raiz que segura a árvore em pé. Em pé. Em pé…
Não ando triste, não. Ando ocupada. Ocupada em me manter distante. Mas é inevitável, porque sempre vem, sempre chega, sempre envolve, sempre domina. Solidão. Solidão não é tristeza. Solidão tem mais a ver com pensamento, reflexão. Ou castigo. No fundo, a gente sempre se castiga. Obrigamo-nos a ver filmes chatos, a ler livros chatos até o fim, a ver a novela que não desenrola, a viver essa história que não tem futuro, a criar esperança onde está muito claro que chegou o fim. E dói. E por que não iria doer, se a dor faz parte do castigo?
Eu escrevo pra me livrar da dor, já predisse Rubem Alves in “Ostra feliz não faz pérola”. E parafraseando Martha Medeiros (Divã), eu escrevo não pensando em ser uma celebridade. Eu escrevo pra dar forma ao que em mim fica solto e não se enquadra. Já eu, escrevo porque não agüento calar tudo em mim. O mundo é grande demais pra calar dentro de mim.
Hoje resolvi rascunhar qualquer coisa pra evitar o que eu realmente queria falar. Distraio os dedos, foco o pensamento e fecho os olhos. Finjo mergulhar. Finjo correr desviando das árvores. Abro os braços, e quase posso sentir o vento, o frio da água. Quase. Mas permaneço parada, os pés afundados na lama igual raiz que segura a árvore em pé. Em pé. Em pé…
2 comentários:
Muito profundo e corajoso!
Um texto muito envolvente, maravilhoso até na sua "expressão dramática". Só alguém como a Lígia com a sua sensibilidade e harmonia transmite este sentimento de reflexão.
Parabéns e um grande abraço.
Carlos Botto
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