LÍGIA GUERRA

Por que carrego doçura na alma e asas nos pés?
Porque sinto a vida além do óbvio.
Porque enxergo sol em dias de chuva.
Porque amo até mesmo o desamor.
Porque acolho cada gesto com os braços do coração.
Porque perfumo o caminho das estrelas.
Porque componho alegria na poesia da tristeza.
Porque desejo colorir a vida com olhos de fé!

* Lígia Guerra*

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Lispector e a alma humana...


Poucas mulheres me influenciaram tanto quanto Clarice, talvez em alguns períodos da minha vida, da minha educação... Minha mãe, minhas melhores amigas, mulheres que por certos períodos da minha existência admirei... Apenas um pouco... Lispector a escritora, Clarice a mulher, no entanto... me influenciou e ainda me influencia muito! Seu jeito intuitivo de ver, tocar e sentir o mundo... O seu mistério que nos acaricia e nos afasta me faz entender e refletir sobre o verso e o reverso da vida, Lispector dizia: “[...] Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais...” Também me sinto assim, criança em muitas vertentes, mas são recantos que não confesso... Eles são desnudados apenas pelos mais íntimos!!!

“Outra coisa que não parece ser entendida pelos outros é quando me chamam de intelectual e eu digo que não sou. De novo, não se trata de modéstia e sim de uma realidade que nem de longe me fere. Ser intelectual é usar sobretudo a inteligência, o que eu não faço: uso é a intuição, o instinto.
[...] Literata também não sou porque não tornei o fato de escrever livros ‘uma profissão’, nem uma ‘carreira’. Escrevi-os só quando espontaneamente me vieram, e só quando eu realmente quis. Sou uma amadora? O que sou então? Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal.”

Também sinto dessa forma, escrever é um ato visceral que por um acaso do destino acaba sendo publicado, mas mesmo se assim não fosse, ainda seria a minha vida, a minha forma de me relacionar com o mundo. Assim como Clarice, me desnudo diante das palavras, me entrego e me descubro, mas também me refugio em um jogo de emoções que apenas os mais atentos e intuitivos conseguem perceber.

- Lígia Guerra -

3 comentários:

Oksana disse...

Clarice Lispector é realmente maravilhosa!
Beijos, Lili!

** Mi... disse...

Sou fascinada por Clarice Lispector!
Beijos e PARABENS pelo seu trabalho

Bordados RuMi disse...

Sempre ouvi muito sobre essa escritora.Mas só a pouco é que vim a conhecer sua história mais de perto.Acabei de ler uma biografia dela escrita por Teresa Cristina Monteiro Ferreira(Eu sou uma pergunta).Já de cara me identifiquei com ela,só pelo título,pois tambem me acho assim,misteriosa,enigmática.Ela foi uma mulher encatadora,linda e agora,no meu intimo se tornou uma grande amiga minha.Ela me entende.Quero ler agora as obras dela.Clarice agora faz parte da minha vida,da minha história.

O QUE É VERDADEIRAMENTE IMORAL É TER DESISTIDO DE SI MESMO(CLARICE LISPECTOR)